Uma iniciativa inédita marcou a semana da imprensa brasileira. Pela primeira na história, seis veículos se juntaram para produzir um conteúdo unificado. A proposta surgiu a partir da mudança do Ministério da Saúde em apresentar os dados de casos e mortes causadas pela covid-19, além do número total de casos testados. Com isso, todo dia, às 20h, o portal G1, O Globo, Extra, Estadão, Folha de São Paulo e UOL divulgarão os números apurados por eles.

As equipes de cada veículo vão dividir tarefas e compartilhar informações que serão apuradas diretamente com as secretarias de Saúde dos 26 estados e Distrito Federal. Cada mídia fará a divulgação em seus canais de comunicação.

Nos últimos meses, o Ministério da Saúde vem alterando a divulgação dos dados. Primeiro foi o horário, que passou de 17h para 19h e depois foi fixada em 22h. Este horário prejudica a veiculação dos dados nos telejornais do horário nobre e nos impressos, que fecham a edição do dia anterior mais cedo.

A outra mudança foi na forma com que os números são apresentados com retirada de dados antigos, inserção de novos parâmetros e não contabilização de todos os dados registrados desde o início da pandemia.

Por conta dessas alterações e da falta de credibilidade dos números apresentados, a imprensa brasileira fez valer do seu dever de divulgar os fatos e manter a população brasileira informada, por conta própria, está produzindo o seu levantamento.

“A missão do jornalismo é informar. Em que pese a disputa natural entre veículos, o momento de pandemia exige um esforço para que os brasileiros tenham o número mais correto de infectados e óbitos”, afirma Ali Kamel, diretor-geral de Jornalismo da Globo (TV Globo, GloboNews e G1). “Face à postura do Ministério da Saúde, a união dos veículos de imprensa tem esse objetivo: dar aos brasileiros um número fiel.”

“Numa sociedade organizada como a brasileira, é praticamente impossível omitir ou desfigurar dados tão fundamentais quanto o impacto de uma pandemia. Com essa iniciativa conjunta de levantamento de dados com os estados, deixamos claro que a imprensa não permitirá que nossos leitores fiquem sem saber a extensão da Covid-19 “, afirma Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha.

“Neste momento crucial, deixamos nossa concorrência de lado por um bem comum: levar à sociedade o dado mais preciso possível sobre a pandemia. Essas informações orientam as pessoas e as políticas públicas. Sem elas, o país mergulha em um voo cego. O jornalismo cumprirá seu papel”, afirma Alan Gripp, diretor de Redação de O Globo.

“É nossa responsabilidade cotidiana transmitir informações confiáveis para a sociedade. E, agora, no momento mais agudo da pandemia, precisamos assegurar à população o acesso a dados corretos o mais rápido possível, custe o que custar”, diz Murilo Garavello, diretor de Conteúdo do UOL.

“É triste ter que produzir esse levantamento para substituir uma omissão das autoridades federais. Transparência e honestidade deveriam ser valores inabaláveis na gestão dessa pandemia. Vamos continuar cumprindo nossa missão, que é informar a sociedade”, afirma João Caminoto, diretor de Jornalismo do Grupo Estado.

“O jornalismo tem a missão de levar à população os números mais precisos sobre a pandemia. É fundamental conhecer a real extensão dos fatos. Esses dados são decisivos para que as pessoas saibam como agir nesse momento tão difícil”, destaca Humberto Tziolas, diretor de Redação do Extra.

 

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