É importante dizer que, embora as práticas ilegais nesses territórios sejam de difícil controle, o país conta com excelentes iniciativas, de entes públicos e empresas privadas, relacionadas à conservação de áreas protegidas, manejo florestal, adequação de protocolos internacionais a comunidades indígenas, de educação e saúde, e muitas outras áreas de desenvolvimento territorial, sempre com o objetivo de construir um legado consistente para a conservação do bioma e, principalmente, para as comunidades locais.

Empresas de diversos segmentos têm trabalhado com afinco em regiões isoladas do país, levando capacitação profissional, tecnologias sociais e infraestrutura de ponta. Soluções que, a rigor, deveriam fazer parte dos deveres de Estado, mas que por muitos fatores acabam não chegando às comunidades menos favorecidas. Muitas delas entenderam que não é mais possível atuar sem considerar os aspectos do que chamamos de valor compartilhado. Se querem perenidade nos negócios, devem lucrar e, ao mesmo tempo, gerar impacto positivo em toda a sua cadeia de valor. O papel da iniciativa privada nesse sentido é de ir além da filantropia tradicional.

Como gestor de comunicação que tem lidado com a disseminação desta temática há alguns anos, entendo que qualquer que seja a iniciativa de desenvolvimento sustentável, sobretudo em lugares isolados, deve contar necessariamente com uma comunicação que busque, em última análise, o engajamento dos públicos mais adequados – sejam locais, regionais ou nacionais. Todos são importantes na evolução das etapas de um planejamento. A estratégia de comunicação deve ser construída a partir do desenvolvimento de um conceito territorial, considerando aspectos sociais, ambientais, econômicos, culturais e até políticos, que poderão ser desdobrados em quaisquer ações de comunicação e de relacionamento.

Nossa experiência no tema nos leva a investir principalmente nos públicos que ajudarão a construir, em escala, a opinião crítica em determinado projeto, e a perspectiva deve ser sempre voltada para levar o conhecimento de um problema à sociedade. Não podemos perder esse foco. Esse é um primeiro passo para enfrentar dilemas enraizados de sustentabilidade, como o histórico problema da demarcação de terras indígenas, o avanço das queimadas por conta da pecuária extensiva, a Lei da Biodiversidade, que regula a pesquisa e o acesso de organizações aos ativos da Amazônia, entre tantos outros assuntos.

O contato com diversas organizações que lidam diariamente com temas relacionados às mudanças climáticas, manejo sustentável, energia renovável, direitos humanos e consumo consciente, entre outros, traz a todos nós uma responsabilidade enorme no papel de comunicadores, mas também nos faz enxergar além dos problemas – sempre com a pegada positiva de quem começa cada projeto na expectativa de ser um agente de transformação de uma realidade muitas vezes distante e esquecida pela sociedade.

Leonardo Aguilar – Gerente de Comunicação para Sustentabilidade

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